
Teatro • PRADO e Rota Clandestina, Aveiro 24 e TNDMII
Mercado das Madrugadas
Patrícia Portela & convidados
Mercado das Madrugadas, de Patrícia Portela e convidados, é uma co-produção PRADO e Rota Clandestina, Teatro Aveirense e Teatro Nacional Dona Maria II. Saímos do palco do Avanteatro para as ruas da Atalaia para, numa praça aí criada, entrarmos no dia em que o mundo faz greve antes da revolução.
Duração: 90 minutos
Ficha artística:
Ideia original, texto e encenação: Patrícia Portela
Artistas convidados e co-criadores:
Bancas de mercado e adereços - Patrícia Portela e João Gonçalves
Direcção Técnica - Zé Rui
Apoio técnico - Sandro Esperança e Bee Barros
Composição musical e ambiente sonoro - Miguel Abras
Movimento - Vânia Rovisco
Ambiente luminoso - Zé Rui
Performers e grevistas - Diogo Dória, Mónica Coteriano, Stela, Fred Botta, Miguel Baltazar, Beatriz Teodósio, Sara Alexandra, João Grosso, Ana Rocha, Célia Fechas e Elsa Bruxelas
Coros - Coro Menor, Coro de Câmara de Cascais, Coro Relâmpago de Aveiro e gemas de Aveiro
Direcção Musical - Maria Repas
Direcção Coro Menor, apoio e Flauta - Elsa Bruxelas
Edição/revisão de texto - Isabel Garcez
Assistência de encenação - Sara Alexandra
Pudim das madrugadas - Davide Cunha/Confeitaria Nacional
Bolacha da revolta com salicórnia - Confeitaria Maria da Apresentação da Cruz e Herdeiros
Alfinete escaramocho - Bruno da Rocha a partir de desenho de MULTA
Execução bancas de mercado - Manuel Lobão
Figurinos - direcção Fred Botta e Patrícia Portela & co-criação colectiva
Cravos de lapela - tricot d’Aveiro e tricot d’Oeiras
Direcção de Produção da Rota Clandestina - Renzo Barsotti
Apoio Pré-produção - Sandra Oliveira
Design gráfico - Multa
Direcção de produção criação PRADO - Sara Alexandra
Tour produção - PRADO
Co-produção - Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Aveirense e Rota Clandestina
Num dia improvável mas muito possível ou mesmo inevitável, toda a gente decidirá não sair de casa. O mundo parará e fará greve a si próprio. Nesse dia, haverá tempo para pensar, para respirar, para chorar copiosamente por todas as atrocidades cometidas só por excesso de adrenalina, testosterona, estupidez ou maligna estratégia geopolítica. Depois, e só mesmo para quem pode, alguns farão uma sesta. Outra tanta gente tomará um banho. Muitos e muitas serão os e as que limparão o ranho à camisola e ajeitarão a pouca roupa que trazem no corpo. Voltamos a sair. Daremos o braço a um próximo, a uma vizinha, a um desconhecido, a uma mãe, a uma filha. Sem nenhuma outra razão aparente que não um “estava a ver que nunca mais!”, desceremos todas as avenidas e chegaremos a esta praça. A praça que é uma escola, que é uma troca, que é o lugar para todas as classes e para todas as possibilidades. Trocaremos impressões. Trocaremos acepipes. Trocaremos propostas para os próximos 50 anos de abril. Ocuparemos as ruas, que é tudo o que precisamos para as transformar. E sem nos darmos conta, de longe chegar-nos-á aquele som dos passos arrastados na gravilha, aquele ritmo moreno que toda a gente conhece. O passo faz-se compasso, o Cante desfaz-se em manifestação. A manifestação desarruma-se em marcha. A marcha dissolve-se no ar mas não se desvanece. A sua vibração mantém-se no ar e nas ruas e volta a lançar na música o mote! A noite cairá. Convocamos a vossa presença com o pôr do sol, para um primeiro minuto do vosso silêncio enquanto respiramos esta ideia memorável de uma revolução precedida de uma greve do mundo. O amanhã é inevitável e começa hoje. - Patrícia Portela