Expressão do internacionalismo

Momentos de Solidariedade

Expressão do internacionalismo

Os Momentos de Solidariedade que ocorrem na Festa do Avante! traduzem a solidariedade internacionalista, característica e prática do PCP na sua actividade quotidiana. Não é possível dissocia-los do Partido que somos e só considerando esse facto se compreende o seu sucesso – na forma, no conteúdo, na numerosa mobilização que suscitam entre o grande colectivo partidário e em todos os que visitam a Festa do Avante!.

Resistir ao fascismo

No primeiro Momento de Solidariedade, para com o povo da Ucrânia, realizado ao meio-dia de sábado, interveio o primeiro secretário do Partido Comunista da Ucrânia (PCU), Petro Symonenko, que explicou o contexto em que actuam e o que querem os comunistas ucranianos e os seus aliados.

Impedir que o fascismo volte a «levantar cabeça» e empurre a humanidade para a barbárie, como aconteceu no século passado, é uma tarefa prioritária, considerou Symonenko, que acusou «o grande capital imperialista» de ser o «patrocinador e inspirador» do nazi-fascismo ressuscitado para responder à actual fase da crise capitalista.

A Ucrânia é «o centro e baluarte da burguesia reaccionária e ninho do neofascismo e neonazismo no continente europeu», lamentou o dirigente do PCU, que traçou o percurso imposto na sua pátria desde a independência formal, há mais de duas décadas: «destruição das conquistas sociais soviéticas e usurpação da propriedade de todo o povo; liquidação do real poder popular e implantação de uma democracia ao serviço da classe possidente».

Empobrecida e cada vez mais dependente do ponto de vista económico, território apetecível no projecto de ingerência e alargamento da NATO para provocar a Federação Russa, na Ucrânia assistiu-se à crescente glorificação do nazi-fascismo e da russofobia, ao trabalho das ONG na criação de uma «quinta coluna» de servidores do imperialismo que «invadiram as estruturas do Estado e órgãos do poder local». O reforço e crescimento de partidos e grupos fascistas, incluindo com treino militar pelo imperialismo, dotou o movimento reaccionário de uma tropa de choque.

Em consequência de todo este processo, adiantou ainda o presidente do PCU, decorre uma guerra fratricida no Donbass, sucedem-se os crimes contra democratas e antifascistas e floresce o terror político», de que a chamada descomunização e a repressão e dos comunistas (mais de 400 processos no espaço de ano e meio) é o maior exemplo, acrescentou Petro Symonenko.

Paz justa

Numa batalha de largo fôlego histórico contra um regime ultra-reaccionário combate também o povo colombiano. Sobre a situação actual, as tarefas e propostas dos comunistas e democratas patriotas daquele país, deram nota, na tarde de sábado no espaço da Organização Regional de Braga, Alvaro Forero e Hugo Orejuela, da Juventude do Partido Comunista Colombiano (PCC) e da Marcha Patriótica, respectivamente.

Ambos enfatizaram que um dos traços dominantes dos diálogos de paz que decorrem em Havana, Cuba, entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e delegados do governo colombiano, é a tentativa de impor à guerrilha uma derrota que em nenhum plano é real, quando o que é fundamental e corresponde à exigência popular é a conquista de uma paz justa. O que implica, entre outros aspectos, o reconhecimento e reparação de todas as vítimas e a libertação dos presos políticos (que continuam a aumentar, sendo exemplo a detenção nos últimos anos de cerca de 400 militantes da Marcha Patriótica), o cumprimento do acordado em matéria de reforma agrária e drogas ilícitas, relativamente à participação político-democrática ou à reconfiguração do modelo e doutrina militar do Estado, sintetizaram.

Ponto nodal é igualmente a refundação do Estado nas suas bases e objectivos, uma vez que o conflito social de que decorre a luta armada não se resolve somente com o calar das armas. Nesse sentido, Alvaro Forero e Hugo Orejuela, insistiram na necessidade de, pela luta de massas, obrigar a oligarquia a ceder na convocação de uma Assembleia Constituinte, como exigem o PCC, a Marcha Patriótica e outros movimentos sociais, as FARC e várias camadas e sectores populares colombianos.

Um abraço fraterno

Lutas históricas desenvolvem também os povos do Saara Ocidental e da Palestina. Sobre isso falou Ahamed Fal, da Frente Polisario, sábado, 5, pelas 16h00, no Palco da Organização Regional do Alentejo do PCP. Às 18h00 em tribuna semelhante instalada no espaço da OR de Setúbal, Mohamed Odeh, do Movimento Fatah, dirigiu-se ao público em nome das outras organizações da resistência palestiniana presentes (Frente Popular para a Libertação da Palestina, Frente Democrática para a Libertação da Palestina e Partido do Povo Palestiniano), sinalizando, como afirmaram Carlos Almeida, do MPPM, e Valdemar Santos, da Direcção Regional, a pertinência da unidade palestiniana. Unidade contra a acentuação da barbárie e pela conquista dos direitos históricos do povo palestiniano, negados por Israel e pelas potências imperialistas, frisou Mohamed Odeh.

Um conflito histórico sem o qual não haverá nem paz nem desenvolvimento favorável aos povos ocorre, igualmente, em Chipre. A necessidade da reunificação da ilha e a situação económica e social do país, especialmente a ingerência da União Europeia usando como instrumento um memorando de entendimento, foram aspectos centrais no Momento de Solidariedade realizado às 15h00 no pavilhão do Algarve.

Também no domingo, mas às 11h00, em Coimbra, o destaque foi para a Venezuela e a solidariedade para o seu povo, dirigentes e forças revolucionárias. O processo progressista bolivariano, assumidamente anti-imperialista, tem sido constantemente assediado pelos EUA e pela grande burguesia autóctone com uma guerra económica e de desestabilizarão violenta, avultando, mais recentemente, o açambarcamento e tráfico de bens essenciais através da fronteira com a Colômbia, o que obrigou o governo liderado por Nicolás Maduro a encerrar pontos de passagem entre os dois países.

Gerardo Hernández na Festa - Cuba vencerá

Gerardo Hernández esteve na Festa do Avante! e a sua presença teve forte impacto. Como aliás não podia deixar de ser, tratando-se de um dos Cinco patriotas cubanos presos nos EUA e devolvido à liberdade pela força da luta e da solidariedade. Muitos dos que estiveram no sábado à noite no recinto do Palco Solidariedade do Espaço Internacional identificaram-se, por isso, com as palavras de Ilda Figueiredo, presidente da direcção do Conselho Português para a Paz e Cooperação, para quem aquele momento era «um sonho tornado realidade».

O momento alto da iniciativa de solidariedade com Cuba Socialista, de exigência do fim do bloqueio norte-americano e de comemoração da libertação dos Cinco, foram as palavras dirigidas por Gerardo Hernández aos presentes. Emocionado, o herói cubano agradeceu a todos os que contribuíram para a sua libertação e dos demais camaradas, em especial a José Casanova, director do Avante! à época, que não assistiu à concretização de um objectivo pelo qual tanto se bateu e para o qual ganhou tantas consciências.

Gerardo Hernández agradeceu ainda em especial ao Avante! e ao PCP pelo papel de divulgação e persistência na exigência da libertação dos Cinco, bem como a todos os activistas que em quaisquer condições distribuíram panfletos, fizeram concentrações e protestos. Resistiram sempre sem outro propósito que não a reclamação de justiça e a afirmação da dignidade, tal como fizeram e fazem o povo de cuba e os seus dirigentes, permitindo aos Cinco «sobreviver todos os dias» no cárcere, insistiu. Sobreviver com a esperança da vitória, com a reforçada certeza de que «vale a pena lutar» e manter «a firmeza de princípios e ideais», afirmou.

«O imperialismo queria cinco traidores. Não conseguiu», realçou Gerardo Hernández. Os povos resgataram Cinco heróis que são exemplo no combate pelo fim da exploração do homem pelo homem, concluímos.