Espaço de luta e de combatividade

Cidade da Juventude

Espaço de luta e de combatividade

Espaço projectado, construído e dinamizado pela JCP, a Cidade da Juventude tem este ano como lema «Os valores de Abril são o futuro da juventude». Nas suas «quatro paredes», numa diversidade de iniciativas sem paralelo, o visitante poderá encontrar a denúncia dos principais problemas da juventude e a sua luta por uma sociedade mais justa e fraterna.

«A Cidade da Juventude procura ser a mais apelativa possível para os jovens. Queremos que quem nela entre reflicta sobre o ambiente criado, seja pela decoração, pelas palavras de ordem inscritas nas paredes que são as bandeiras de luta da juventude portuguesa, pela própria animação que existe», afirmou Cristina Cardoso, responsável pela Festa no Secretariado Nacional da JCP, dando conta da existência, naquele espaço, do Palco Multiusos – onde não faltarão, entre outros, os concertos acústicos, as tunas, os disc jockey, a dança, o teatro, os graffiti – e do Palco Novos Valores, já conhecido no panorama musical nacional, no qual vão participar as bandas vencedoras dos vários concursos de bandas regionais dinamizados ao longo do Verão, onde as bandas de garagem e os novos talentos têm a oportunidade de mostrar a sua música.

Assim, vão demonstrar o seu talento neste Palco os Queen Captain Among the Sailors, El Coyote, Blackjack, Pas de probleme, Livin' Paradies, Mendigos e Ladrões, Homem de Marte e os Invasores, Capitão Ortense e os Smoking Beer.

Até chegar a estes nomes, estiveram a concurso cerca de 200 bandas, o maior número de sempre, que tocaram em cerca de 40 eliminatórias em todo o País, na presença de milhares de jovens espectadores, informou Miguel Violante, responsável da Organização Regional de Setúbal da JCP, lembrando que esta iniciativa «goza de grande prestígio» de Norte a Sul, havendo bandas que «procuram a JCP mesmo antes da divulgação da entrega das maquetas».

Só na região Sul, também com o lema «Por Abril, contra a troika, tocar é lutar», tiveram lugar sete eliminatórias concelhias e uma final regional. «De facto, a JCP dinamiza bastante o trabalho das bandas que vêm aqui tocar, sendo esta a primeira vez que sobem a um palco, oportunidade rara tendo em conta o ataque dos sucessivos governos à cultura e à fruição cultural», lembrou Miguel Violante. No final, «a maior parte das bandas que participam nas eliminatórias agradecem à JCP as condições e a ajuda prestada».

No entanto, salientou, «o concurso do Palco de Novos Valores não está desligado da dinâmica de afirmação e de construção da Festa do Avante!», que este ano começou «mais cedo», possibilitando que «chegasse a mais escolas do Ensino Secundário e Básico, do Ensino Superior, do ensino profissional e a muitos locais de trabalho».

A juventude luta e toma partido

Na Cidade da Juventude, junto ao Palco 25 de Abril, os visitantes poderão ainda participar em três debates, dois no sábado e um no domingo, com os temas «Pública e gratuita: a escola a que temos direito», «Não ao desemprego e precariedade: queremos trabalho, exigimos direitos» e «Juventude luta e toma partido», assim como conhecer a exposição que terá como pano de fundo «Os valores de Abril são o futuro da juventude», onde estarão patentes «os problemas e a luta da juventude».

Depois, por toda a Festa, adiantou Cristina Cardoso, «vamos vender mais uma edição do AGIT especial», que traz «muito do que foi a actividade da JCP ao longo do último ano, aquilo que tem sido a luta e a ofensiva do Governo». Durante os três dias, terão ainda lugar diversas brigadas de contacto, que permitem «falar com milhares de jovens», sendo que «muitos se inscrevem na JCP». «É aqui que os jovens podem encontrar quem luta pela satisfação dos seus anseios, dos seus direitos, das suas aspirações, e encontrar nos jovens comunistas o seus companheiros de luta», frisou Cristina Cardoso.

Empenho e muito trabalho colectivo

Entretanto, até ao dia 7 de Setembro, esta Cidade constrói-se com o empenho, a dedicação, o trabalho colectivo, de centenas de jovens comunistas, que, alguns pela primeira vez, erguem as estruturas, colocam as madeiras à medida, pintam, pregam, aparafusam, decoram, convivem, ajudando-se nas tarefas mais complicadas, aprendendo a serem homens e mulheres diferentes, mais conscientes e solidários, prontos para transformar o mundo.

Tiago Fontes, com 18 anos, é este ano o responsável pela implantação do Espaço, uma tarefa que lhe foi proposta pelo Secretariado da JCP, mesmo não tendo muita experiência. «Inscrevi-me na JCP meses antes da realização da última edição da Festa do Avante!. Entretanto, convidaram-me para participar numa jornada de trabalho. Gostei tanto que acabei por ficar até ao final», salientou, lembrando que agora a responsabilidade é outra e que na altura do convite não sabia se «estava ou não à altura» de tamanha tarefa. «A maior dificuldade é a falta de experiência, que, depois, é colmatada pelos camaradas que nos ensinam a fazer as coisas», afirmou Tiago Fontes, que fez questão de lembrar que a Festa do Avante! não é um festival de música, como aqueles que acontecem em vários pontos do País. «O ano passado, depois de um turno na Cidade da Juventude, fui até ao Auditório 1.º de Maio para ver um concerto. Acabei por ficar a ver um treino de boxe. Aqui temos desporto, teatro, gastronomia, concertos, cinema. Acima de tudo, a cultura está aqui representada, o que não se compara com nenhum festival», valorizou.

A este respeito, Cristina Cardoso sublinhou que a «responsabilização é uma tarefa política», mas também «um processo de aprendizagem e de formação de quadros».

Notícia jornal «Avante!», Nº 2021 de 23 de Agosto 2012