Aqui, onde é fértil o chão da luta

O sol fez caretas, o vento soprou nuvens e o mais que encontrou pelo caminho, e como sempre sucede no que se refere ao tempo as opiniões dividiram-se, lamentando uns os agasalhos esquecidos, exultando outros com o festival de bandeiras ondulantes – é bom para as fotografias! É bem verdade que a tarde chegou com cheiro a Outono, mas não é de agora que o estado de espírito das humanas criaturas troca as voltas ao tempo. E na Atalaia, no primeiro fim-de-semana de Setembro, o sol brilha em cada visitante, cresce de intensidade na redescoberta do espaço sempre novo, invade cada recanto onde se celebra a amizade e a camaradagem, toma conta de tudo e de todos quando as vozes se erguem em uníssono para gritar o santo e a senha que é a argamassa que os une: Viva a Festa do Avante!

Este ano, os olhos brilhavam mesmo antes de chegar ao alto da Medideira, espraiando-se para lá da vedação da Quinta do Cabo, que em 2016 acrescentará mais chão ao chão que é nosso, inequívoco sinal de confiança no futuro, como diria Jerónimo de Sousa no acto de abertura da Festa.

Mas era chegados lá acima, como sempre, que o coração batia mais forte, abarcando com o olhar o terreno engalanado, percebendo de imediato que mais um salto qualitativo foi dado na arrumação dos pavilhões e respectiva decoração, dando conta de que nem o facto de este ser o último ano antes da grande mudança que a expansão para a Quinta do Cabo significa impediu alterações na localização dos espaços das diferentes organizações. Desceram ao vale uns, subiram a colina outros, mudaram de rua uns quantos, agruparam-se em praças vários deles... num delicado convite à descoberta do País que vem à Festa, ao quebrar de rotinas, à aventura de embarcar na miscelânea de odores, de sons, de sabores, de usos e costumes, de gente.

É neste deambular que nos damos conta de dois aspectos que marcaram sem dúvida a Festa deste ano: a presença da juventude, tão forte que não podia passar despercebida, o que sendo uma realidade desde sempre nem por isso deixa de ser um facto assinalável, e de muitas, mas mesmo muitas crianças, desde as de mais tenra idade a exigir colo ou carrinho às que já andam pelos próprios meios e têm uma palavra a dizer no programa da família.

Num País envelhecido onde até a esperança nos quiseram (e querem) roubar, este será talvez o melhor testemunho de confiança no futuro. Tal como em relação à Festa, neste chão que é nosso, neste País que queremos de progresso, justo, solidário, quem não desiste de lutar lança as sementes do futuro colectivo. De olhos bem abertos, com passo firme, os nossos jovens reivindicam o direito a ser felizes. E vieram mostrá-lo e afirmá-lo bem alto na Festa do Avante! Aqui, onde os frutos da sementeira de ideias tantas vezes começam a germinar. Aqui, onde é fértil o chão da luta. Aqui, onde quem vai quer voltar. Aqui, onde os comunistas celebram os trabalhadores e o povo e mostram o País que sonham construir.

Em jornal «Avante!»