(Itália)

Os Gattamolesta estão, sem dúvida, entre os melhores grupos de folk do panorama musical italiano contemporâneo. Czeleste – o terceiro trabalho de estúdio, a seguir ao LP I pesci, I pani e gli esemplari e ao álbum Alla festa del brigante – é a prova cabal da excelência da banda, cujo som folk atípico, irregular e bizarro revela um diálogo profundo com muitas tradições musicais. Os membros dos Gattamolesta vêm de Forli, uma cidade que os viu nascer em 2006.
Mais do que um grupo que lança álbuns, obedecendo a um calendário de conveniências comerciais, os Gattamolesta afirmaram-se, desde do seu início, como uma banda que prefere o palco e os espectáculos ao vivo – meio privilegiado para aferir, não só a força da música que produzem, mas tamém a resposta emocional que ela é capaz de provocar. Deste modo, de praça em praça, de festa em festa, passando pelos pódios dos festivais de jazz, os Gattamolesta construíram uma reputação que vale a pena manter: banda alegre de sonoridade contagiante. Andrea Gatta é o vocalista, guitarrista e um dos fundadores do grupo. A completar o quarteto estão excelentes músicos como Nicòlo Fiori, no contrabaixo, Jader Nonni, na bateria, e Luigi Flocco, no acordeão. Em Czeleste, pode ouvir-se ainda o trompete de Eusebio Martinelli, o fliscorne de Aleksandar Rajkovic e o saxofone e trompete de Fabrizio “Biccio” Benevelli.
O som dos Gattamolesta está vivo e revela o fascínio dos elementos do grupo pela música dos Balcãs (Bregovic, Kusturica, Gogol Bordello) e pela estética cigana. Todas as letras são originais e assinadas pelo vocalista. Nelas, Andrea tenta, sempre em italiano, superar os lugares comuns das canções populares transalpinas, introduzindo, para isto, uma imagética surrealista e um tom irónico. Tom Waits e Vinicio Capossela são influências reconhecíveis.
Os Gattamolesta são a prova de que música pode ser o antídoto perfeito para a frieza da era digital.