Avanteatro
Sexta, 24 Julho 2009

avanteatro.jpgAs áreas artísticas a abranger na programação do Avanteatro para 2009, são, o teatro, a dança, a música e o cinema-documentário.

Espaço privilegiado na Festa do Avante!, o Avanteatro volta a ter um conjunto de espectáculos de grande qualidade e variedade, com grupos e artistas de várias regiões do País.
Vasco Granja, grande impulsionador e divulgador do cinema de animação, Celeste Amorim, membro do Coro Lopes Graça desde a sua formação, e Carlos Porto, crítico de teatro, poeta e tradutor, falecidos recentemente, lutadores antifascistas, militantes do PCP, serão os grandes homenageados neste espaço, que, desde 1976, procura mostrar o que de melhor se faz em Portugal ao nível das artes de palco.
Em destaque estarão peças como «O Professor de Darwin», pela Barraca, «A Comédia Mosqueta» e «Canções de Brecht», que conta com a interpretação de Teresa Gafeira, acompanhada ao piano por Francisco Sasseti, ambas da Companhia de Teatro de Almada.
«O professor de Darwin», de Hélder Costa, apresenta ao público o professor Jonh Henslow de importantíssima influência na formação do jovem Charles Darwin e a tertúlia que ele organizou na Universidade de Cambridge, berço de brilhantes cientistas e filósofos ingleses e irlandeses do século XIX. A peça, que sobe ao palco na sexta-feira, às 21 horas, debruça-se sobre temas universais como esclavagismo, racismo e nazismo, e também aborda o debate actual entre a ciência e a criacionismo. Um espectáculo que utiliza a poesia, a música e o humor para uma comunicação mais directa e lúdica com o público.
No sábado, às 20h30, o público do Avanteatro poderá ver a «Comédia Mosqueta», uma das obras teatrais mais representativas e conhecidas do dramaturgo italiano do século XVI Ângelo Beolco. Esta peça é encenada por Mário Barradas, um nome de referência do teatro português da segunda metade do século XX. 
No último dia da Festa do Avante, às 20h30, as «Canções de Brecht» propõem-nos uma viagem músico-teatral pela canção alemã do século XX. Bertolt Brecht é o autor de todos os textos musicados, que serão interpretados em língua portuguesa. Num português dúctil e expressivo, as traduções de Yvette Centeno devolvem-nos, com exactidão, a melopeia e a sonoridade originais.


Espectáculos de grande qualidade

À cena do Avanteatro sobe ainda, sexta-feira, à meia noite, um espectáculo de música ao vivo interpretado pela Companhia Gato que Ladra. Num espaço incerto, em que o tempo não tem lugar, «Nasrudin», personagem popular da cultura árabe, encontra no seu caminho um músico que apenas deseja partir para o outro lado. Embarque nesta viagem para lado nenhum onde as histórias são contadas sem nunca nos ser revelado o mistério por detrás delas, ou talvez não...
À mesma hora, mas no sábado, interpretado por Io Apolloni, sobe ao palco «Poemas da Minha Vida». «Estes poemas são a minha alma gémea. Tenho uma identificação total com eles. E sinto um extraordinário privilégio em poder comunicar convosco através das suas palavras», afirma a actriz de teatro e de cinema.
Para os mais novos, no sábado, às 15 horas, e no domingo, às 16h30, decorre o espectáculo de marionetas «Conto-te Abril», espectáculo que foi criado pelo Movimento Animação Cultural Arte Popular Ibérica a pedido da Junta de Freguesia de Corroios e do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, no sentido de integrar a programação «Pintar Abril».
O objectivo desta peça é criar uma animação interactiva, com marionetas, para explicar às crianças o que foi o 25 de Abril de 1974. A acompanhar o espectáculo estará um gigantone, com cerca de três metros de altura, que retrata a personagem Zé Povinho. Esta figura estará sentada entre as crianças em posição de «povo» que houve uma das suas melhores histórias. No final, o gigantone ergue-se e dança com as crianças.
Ainda no sábado, às 11 horas, o Grupo Intervalo apresenta-nos «Os Macacos a Correr... E os Meninos a Aprender», uma história do tempo em que os animais falavam. Esta peça aborda de uma forma ligeira algumas problemáticas da actualidade com a inércia das crianças, o bullying ou a ecologia.

Homenagear os inventores

No teatro de rua, que acontecerá na sexta-feira e no sábado às 23 horas, a Cooperativa PIA, apresenta «Humanum Fatum», que aborda o destino, que vem ligar o homem e a máquina, como engenho universal movido por correias de sentimentos. «No século XIX, três inventores, preocupados em convencer as pessoas da utilidade das suas máquinas, descobrem as vantagens da solidariedade e os riscos de uma sociedade essencialmente baseada no progresso técnico», explica-nos a sinopse, onde se interroga: «Saberão eles lidar com as implicações do maquinismo e encontrar uma alternativa a este problema que pretendia ser uma solução?».
Além da estética realista e do ambiente fiel ao século XIX, o espectáculo pretende homenagear todos os inventores, em particular Júlio Verne e Leonardo Da Vinci, por terem pensado máquinas extraordinárias que fizeram sonhar os homens até hoje.
A animação musical no Bar terá a participação de vários géneros, onde não faltará o jazz, a música étnica de Moçambique, com os «Quine - da Cor da Madeira», a música de intervenção e de câmara, com os grupos «Trio Animatto» (Samuel Bastos, Susana Janeiro e Pedro Parreira) e «Sintese» (da Guarda). O Grupo «O Menino é Lindo» terá, pela segunda vez, a responsabilidade de encerrar os espectáculos do Avanteatro.

O infinito é o limite

Na dança, a Companhia CIM apresenta-nos, sábado, às 22 horas, «Sobre Rodas», um espectáculo de grande qualidade, em que os participantes são pessoas portadoras de deficiência. Num estado circulatório, falam-nos de momentos do passado e do futuro. Rodam e dançam com a poesia de quem diz que o limite de alguns é o infinito de outros.
«Sobre Rodas» é fruto de uma primeira experiência e de uma parceria entre a Associação Vo'Arte, a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenhian – ISS.
No cinema documental será apresentado, no domingo, às 14h30, o filme «Elogio ao 1/2», um trabalho, do realizador Pedro Sena Nunes, sobre o Bairro 25 de Abril, que fica entre a praia e a linha de comboio que nos leva à cidade de Lagos. «Começou por ser um conjunto de palhotas construídas, improvisadamente, pelos “índios” vindos de Monte Gordo que desejavam apenas sobreviver ao sonho dourado que Lagos não conseguiu cumprir», explica-nos a sinopse. «Após o 25 de Abril, e através do plano arquitectónico Serviço de Apoio Ambulatório Local, as palhotas transformaram-se em casas construídas pelos próprios habitantes. Muitas das promessas políticas feitas há 30 anos continuam por cumprir. Como será viver hoje na Meia-Praia?», interroga-se.

Avanteatro

Sexta-feira
20h30: Trio «Animatto» (bar)
21h00: O Professor de Darwin, A Barraca
23h00: Humanum Fatum, PIA – Projectos de Intervenção Artística (exterior)
24h00: Nasrudin, O Gato que ladra e Companhia La Fundición
01h00: Da Cor da Madeira, Quine (bar)

Sábado
11h00: Os macacos a correr... e os meninos a aprender!, Intervalo Grupo de Teatro (infantil)
15h00: Conto-te Abril, MACAPI (infantil/exterior)
20h00: Trio «Animatto» (bar)
20h30: Comédia Mosqueta, Companhia de Teatro de Almada
22h00: Sobre Rodas, CIM – Companhia Integrada Multidisciplinar (exterior)
23h00: Humanum Fatum, PIA – Projectos de Intervenção Artística (exterior)
24h00: Poemas da minha vida, Io Apolloni
01h00: Jazz, António Palma e convidados

Domingo
11h00: História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a Voar, Teatro Art’imagem
14h30: Elogio ao ½, Pedro Sena Nunes (Cinema Documental)
15h45: Grupo Síntese, Música contemporânea
16h30: Conto-te Abril, MACAPI (infantil/exterior)
20h30: Canções de Brecht, Companhia de Teatro de Almada
21h30: O Menino é Lindo, música e animação